12 de junho de 2011

3 de abril de 2011

II – Revelações pós-ginástica

Ao passar das semanas eu, Jack e Mary fomos ficando cada vez mais próximos, tínhamos quase todas as aulas juntos e uma vez por semana eles iam pra minha casa pra jogarmos vídeo game e comer besteiras.
Até que quando completou exatamente um mês que Jack estava na escola ocorreram alguns fatos que iriam mudar o meu Destino assim como o dele, de Mary e de minha mãe.
Nós três tínhamos acabado de sair da aula de ginástica, estávamos indo em direção aos vestiários quando Mary fala:
- Josh, preciso te contar uma coisa que eu tenho escondido há uns meses.
- É muito urgente Mary? – Perguntei preocupado.
- Não muito, se quiser a gente conversa mais tarde – Disse ela, mas pude notar uma urgência na voz dela. – É só uma coisa tensa mesmo.
- Já to indo então – Eu disse, ficando curioso ao invés de preocupado – Jack, você se importaria de ir pro vestiário sozinho?
- Claro que não! Vou ficar te esperando. – Jack respondeu piscando pra mim.
Pela primeira vez em toda a minha vida senti vontade de pegar alguém de jeito ao invés de ser pego!
- Já volto! – Eu respondi tentando limpar meus pensamentos das cenas “Dark Lemon” que vieram à tona.
Fui atrás de Mary, ela tinha sentado nas arquibancadas que ficavam de frente pra o campo de futebol onde os meninos do segundo ano jogavam no esquema “Com camisas X Sem camisas” (bela vista!)
- Fala Mary! – Eu disse sentando ao lado dela – Qual é a coisa tensa que você tinha pra me contar?
- Então J, nós nos conhecemos há tantos anos. Você nunca desconfiou de nada? – Ela perguntou.
De fato nós nos conhecíamos há cinco anos. Ela tinha um jeito nada feminino e falava dos homens como se tivesse nojo, então só podia ser uma coisa!
- Mary, você é lésbica?! – Eu perguntei meio que assustado.
- Não! – Respondeu ela ruborizada – Quer dizer, quase.
- Como assim?! – Eu perguntei assustado.
- Lembra de um caso que eu tive com uma pessoa chamada Jullian? – Ela perguntou.
Jullian era o caso de verão dela, eles se conheceram em Houston e por coincidência, ele iria se mudar para a rua dela essa semana.
- Lembro, mas o que tem ele? – Eu perguntei.
- Não é ele. É ela!
Pausa dramática.
-Oh meu Deus! – eu tive um momento histérico tão tenso que os meninos que estavam jogando pararam pra nos observar.
- J, você é gay? – Ela perguntou.
- Sou. Tá tão na cara assim? – Eu perguntei indignado.
- Não! – Ela respondeu – É porque eu te conheço há muito tempo!
- Ah tá... – Eu respondi muito aliviado. – Mary, é melhor a gente falar sobre isso hoje na minha casa depois da escola. Ok?
- É muito mais seguro J – Ela respondeu bagunçando os meus cabelos.
 Eu a deixei no vestiário feminino e segui em direção ao vestiário masculino, quando eu cheguei lá eu avistei Jack discutindo com alguém por telefone. Ele estava terminando com a namorada.
Eu cheguei perto, coloquei a mão em seu ombro e falei:
- Calma!
- Escute aqui você... Desculpe Josh – Respondeu ele segurando a minha mão. - Vai lá pra ducha que a gente conversa quando você sair.
Ok – Eu respondi.
Foi a ducha mais rápida que eu já tomei. Quando eu voltei, Jack estava sentado perto da porta do vestiário chorando igual a uma criança. Eu não aguentei. Ajoelhei na frente dele e o abracei.

2 de abril de 2011

I - À primeira vista


- Começou a tortura- Eu pensei quando bateu o sinal pra primeira aula da segunda semana de volta as aulas. Minhas férias haviam sido tão perfeitas, Natal na casa de campo do meu tio, Réveillon na casa de praia do meu avô, altas horas da madrugada jogando vídeo game ou assistindo filmes de terror. Pena que acabou. Eu estava sentado ao lado de uma carteira vazia e tendo a aula que eu mais odiava (Matemática) com a pessoa que eu mais odiava: meu ex padrasto.   Carlos fora casado com a minha mãe por seis anos e graças a ele minha mãe descobriu o meu maio segredo: que nunca me veria no altar de uma igreja esperando a nora que ela pedia a Deus.
Mas, há males que vem pra bem. Eu descobri que Carlos tinha outra mulher pelas faturas do cartão de crédito, afinal... Pra quem mais ele compraria jóias de seis mil dólares?! Pra mãe dele? Eu acho que não. Hoje eu e minha mãe somos melhores amigos e eu sou odiado por Carlos que era meu professor de Matemática que, por sua vez, é a matéria que eu mais tinha dificuldades.
- Que bosta! – Eu pensei – Eu não estou entendendo nada dessa matéria, será que eu vou ter que pedir pra ele me explicar correndo o risco de ser humilhado na frente da sala toda?
Até que duas rápidas batidas na porta interromperam a minha pequena discussão mental.
- Entre – Disse Carlos com sua voz nojenta e anasalada que eu tive que aturar por toda a minha infância.
- Bom dia turma - Disse ela – Temos um novo aluno aqui no 1º B. Por favor, sejam legais com ele! Entre por favor, Jack.
De repente tudo parou. Eu estava tonto. Tive que lembrar como se respirava. Meu estômago estava cheio de borboletas. Ele era lindo! Baixinho, loiro, cabelos rebeldes, olhos indescritivelmente azuis e cara de bebê.
Era muito estranho. Eu geralmente só me sentia assim por caras mais velhos e mais altos. Mas, esse Jack era toda e qualquer exceção aos padrões de beleza que eu havia imposto ao longo de toda a minha vida sexual (não tão ativa) e amorosa (que é um lixo).
- Jack – Disse o nojento do Carlos – Se apresente para toda turma.
- Bem – disse ele lindamente vermelho e com uma voz anormalmente masculina que não parecia ser dele, mas que arrepiaram os pelos da minha nuca – Meu nome é Jack Lucas Sullivan, tenho 14 anos, vim transferido pra cá pra Tulsa de Nova York por causa do trabalho do meu irmão. Espero fazer muitas amizades aqui nessa sala.
Infelizmente uma risada asquerosa e irritantemente aguda veio do fundo da sala interrompendo o meu momento de adoração.
- Jack – Disse Nicole nojenta, mesquinha e loiríssima – Você tem namorada?
Metade das garotas da sala, junto com ela deram risadas abafadas enquanto a outra metade mais os meninos e Carlos olhávamos pra ela com cara de: “Você é retardada garota?”
- Tenho, e gosto muito dela. – Disse ele num tom seco que deixou todas ela sem graça.           
- Bem feito! – Disse minha amiga Mary, minha melhor amiga e que se sentava atrás de mim no canto direito da sala – Quem manda se comportar como se nunca tivesse visto um macho na vida?! E isso porque tem namorado. É uma vaca mesmo!
Tive que me controlar para não ter um ataque de riso. Mas, foi o suficiente para chamar atenção de Carlos.
- Sr. Sullivan, por favor, sente-se ao lado de nosso querido colega, o Sr. Arrow.
Eu desejava não ter visto o sorriso maldoso que Carlos abriu, mas foi inevitável, mas foi inevitável, uma vez que Carlos estava mantendo os olhos fixos em mim desde o primeiro dia de aula.
- Olá, muito prazer! – Tive que me certificar que minha voz estava segura, mas mesmo assim senti meu rosto quente – Meu nome é Josh.
- Olá! O prazer é todo meu, Josh – Ouvir Jack falar meu nome com aquela voz grossa me deu vontade de ter o nome mais comprido do mundo, só para ter o prazer de ouvi-lo falar sílaba por sílaba. – É... Eu acho que esse Profº Carlos não é muito seu fã. Acertei?
- Sim, sim! – Afirmei eu – E esse sentimento é recíproco.
E finalmente bate o sinal da primeira aula, que teve seu som abafado pela linda risada de Jack.